quarta-feira, 7 de agosto de 2013

CASA


...a leitura daquele conto realmente mexeu comigo. no entanto, sentia-me em casa enquanto o lia, em casa de amigos, amigos mesmo, o desdobramento do nosso lar, esse, que vai dentro da gente, coisa meio de caracol; mas, ao mesmo tempo, sentia um incômodo, um incômodo que ainda não era realmente incômodo, como se a alma desse incômodo estivesse já presente, mas o incômodo não: um incômodo que ainda não incomodava.
terminado de ler o conto, voltei para a conversa deles, munido agora de uma mesma dor... sim, uma mesma dor talvez. não talvez. sim, a mesma dor, embora eu nem saiba bem qual seja.
era madrugada, ontem, ontem e hoje, hoje, agora: esse incômodo.
mas ao mesmo tempo, eu estava feliz. felicidade... qual foi a última vez que eu senti isso? não, agora, disparou, disparou tudo. era isso. era isso então, disparou o escritor que queria, mas temia. não, aí estou sendo sincero demais. ou estou desviando da dor.
não, não era dor. era só o incômodo. mas o incômodo virou dor. dor. já sei: a alma da dor era o incômodo. chega. isso me assusta. é melhor apenas sentir do que falar.
aquele conto mexeu mesmo comigo. sim, a felicidade:
voltar a sentir(-se).


antônio bizerra

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