terça-feira, 28 de outubro de 2014

Desafio...


Eis o desafio, um desafio contra si mesmo -- em prol de si mesmo: escrever algo. Sentar-se a uma mesa, abrir um bloco ou um caderno e escrever, sair escrevendo, preenchendo o espaço em branco, relatando tudo isso que está dentro de si, desbravando o deserto de uma página em branco. Então, o desafio: escrever algo.

Como sou poeta, e escritor, possuo artimanhas para tão simples, embora muitas vezes difícil, ato de escrever. Artimanhas. Eu as desenvolvi ao longo de minha vida de poeta e escritor. Ou melhor, eu as deixei que se desenvolvessem em mim, que encontrassem terreno fértil em minha alma e que, assim, florescessem em galhos e ramos e folhas incontáveis inúmeras, e sempre morrendo e se renovando. Deixei-as, e assim fui me compondo.

Mas, voltando-se ao algo, isso que deve ser escrito, isso que deve riscar o espaço deserto da página em branco e deixá-la agora como uma floresta exuberante, cheia de árvores e plantas que impõem uma nova ordem ao vento que soprava livremente por sobre esse deserto e que agora deverá obedecer a essas inúmeras árvores e plantas nesta nova dinâmica pontuada do espaço, agora ordenado em vias e desvios, em sendas e vertentes, e até por entre a rede fina de uma teia de aranha, ou por entre a trama viva de galhos e ramos e folhas.

Bem, com estas palavras, termino com o cumprimento deste desafio, deixando esta página toda preenchida e lançando ao leitor o mesmo desafio. Sim, eu possuo as artimanhas, que é de meu ofício. Mas, antes de eu estar incumbido deste ofício, eu também não era poeta, nem escritor mas, escrevia, e aceitava o desafio.

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05 de setembro de 2014

antônio bizerra

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