quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

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Há ainda uma ansiedade, uma espera angustiosa por alguma mudança. Há movimento também, no entanto, uma busca, porém uma busca ainda não isenta desta espera que causa angústia. Mantenho-me em movimento, sabendo que não há retorno nesta vida.

Paro um pouco por este momento, paro tudo para escrever. Escrever é um mergulho na alma e, portanto, é muito raro encontrar quem pratique isso, a escrita, o mergulho.

Ousadia...

Talvez eu esteja muito enganado quanto a mim mesmo. Julgo-me um homem sem coragem mas tenho coragem de parar tudo para escrever... e ficar sozinho, sozinho como somente aqueles que são realmente corajosos e com um propósito claro e correto quanto à sua verdadeira busca, a busca espiritual.

Parece que já se nasce com essa característica: ser um buscador.

Buscadores são pessoas solitárias. Ou, ao menos, sabem que somos solitários embora a maioria tente ao máximo abafar esta verdade.

Vejo-me agora escrevendo em primeira pessoa, ou, melhor dizendo, em primeiríssima pessoa, eu com todas as minhas incertezas, eu, com todos os meus medos e os meus fantasmas. E estou em um bistrô agora, em uma plena quinta feira, já de noite, de noite e movimentada, plena, sem dúvida, plena.

O país está em crise?... Às vezes não parece. Os homens, por sua vez, esses estão sempre em crise, crise de identidade, sei lá.

Mas, o que ainda me incomoda na alma, tal como pedrinha dentro do sapato, é o torto julgar o certo por errado, quero dizer, o homem que procura ao máximo agir da forma certa ser julgado pelo torto como errado... Isso ainda incomoda um pouco.

Os homens aqui no bistrô estão assistindo ao jogo na tevê. É só o que se vê nesta terra... Haverá outras? ou estas já são as outras sonhadas pelos navegadores de outrora? Bem, outras, sim, não há.

Apenas, cansei de não ser. O que sou, afinal?

Pouco importa.

Cansei apenas é de não ser.


( Rio, 7 de novembro de 2019)



antônio bizerra

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