sábado, 10 de dezembro de 2016


e no escuro imagino que há um espelho onde se reflete meu rosto escuro e me assusto com o que não vejo. me assusto com esse rosto convincente cuja imagem desobediente ao olho cego se forma em minha cabeça. e inclusive não gosto dessa cabeça no escuro essa cabeça que se vê de dentro de si mesma e do espelho escuro. e ainda me atrevo a olhar para os lados embora no escuro os lados possam ser a frente e a frente as costas daquilo que não vê e nem se tem. se eu já fosse cego de nascença e minha visão fosse o tato então tudo se teria. mas assim não sendo cego de nascença nem de momento algum nada se tem mergulhado nesse espaço cego porque não o vejo


Rio, 24 de janeiro de 2013

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antônio bizerra

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