quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

[(IN)GRATIDÃO]



Muitas e muitas vezes eu me pego imerso em pensamentos densos, conduzidos por ressentimentos, esses sentimentos sempre de caráter imaturo, infantil -- sendo que por vezes as crianças são tão mais maduras que nós -- que eu vejo nitidamente, no flagrante deste momento interior, o quanto eu, por vezes, demonstro-me ingrato perante a vida. Por tantas e tantas vezes eu desejei ser curado de mazelas, essas moléstias que não nos fulminam mas roubam de nós o nosso bem-estar, tantas e tantas vezes eu desejei profundamente e fui curado; e tantas e tantas vezes desejei que novos caminhos se abrissem para mim para que eu pudesse mesmo escapar de momentos e situações e lugares -- tudo isso sendo da mesma "dimensão física" por fim -- densos e tenebrosos e fui atendido pela, digamos, Providência Divina... Tanto o que eu recebi sob forma de dádivas, simples e resplandescentes, mas, mesmo assim, pego-me por vezes em momentos de ingratidão...
Sim, devemos examinar bem toda a nossa trajetória de vida e perceber o quanto devemos ser gratos.
Mas, se em um dado momento não possamos mesmo ser gratos, não poder receber no peito essa dádiva chamada gratidão, procedamos ao simples exercício de observar em volta e ver a miséria de tantos e o quanto nossa ingratidão se revela tão mais obscura, mesquinha.
Mas, sim, aprendizado é sempre longo e, por vezes, confundimos demasiadamente as matérias e a confusão pode nos levar a uma perplexidade tal que irá certamente gerar uma enorme ansiedade e, mergulhados em profunda ansiedade, pensaremos que para nos curarmos será necessário -- obrigatório!, entenda-se assim -- sairmos de nós-mesmos para, em um ato quase que por completamente desesperado, ajudarmos aqueles que perante nossa observação ao redor estão em verdadeiro e urgente estado de miséria...
Mas, NECESSÁRIO se faz, em primeiro lugar: curarmos a nós-mesmos. Porém, fica para o próximo texto esta ponderação.
Reflitamos, por enquanto, neste tema: (In)gratidão 🙏🏻


(20 de janeiro de 2020)



antônio bizerra